"Terapeuticamente, a música ultrapassa o seu papel de entretenimento, de enriquecimento cultural, (…), para servir de suporte a técnicas particulares de psicoterapia (…).A originalidade das técnicas comparadas com outros métodos de psicoterapia, consiste na participação do terapeuta e dos pacientes numa mesma experiência emocional, quer se trate de uma audição em comum ou da criação de uma obra musical que nasce da improvisação.A relação torna-se terapêutica na medida em que, como mostrou Winnicott, a melodia de jogo do paciente cruza-se com a do terapeuta." - Verdeau-Paillès, 1983
O que é a Musicoterapia
O uso da música como método terapêutico vem desde o início da história humana.Alguns dos primeiros registos a esse respeito podem ser encontrados na obra de filósofos gregos pré-socráticos.Aristóteles e Platão consideravam que a música provocava reacções nas pessoas e que determinada escala devia ser dada a ouvir a guerreiros, para que estes ficassem mais bravos... Outros filósofos e pensadores atribuíram à música valores acrescentados, para além dos comuns de entretenimento ou de cariz religioso.
A sistematização dos métodos utilizados hoje em dia só começou, no entanto, após a Segunda Guerra Mundial, com pesquisas realizadas nos Estados Unidos.O primeiro curso universitário de musicoterapia foi criado em 1944 na Michigan State University.
A Musicoterapia é uma actividade clínica que para ser exercida com qualidade e de forma eticamente correcta, exige formação académica especializada.
De acordo com a definição da Federação Mundial de Musicoterapia (WFMT):"a Musicoterapia é a utilização da música e/ou de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, num processo sistematizado de forma a facilitar e promover a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão, e organização de processos psíquicos de um ou mais indivíduos para que ele(s) recupere as suas funções, desenvolva(m) o seu potencial e adquira(m) melhor qualidade de vida. A musicoterapia procura desenvolver potenciais e/ou restabelecer funções do individuo para que este alcance uma melhor organização intra e/ou interpessoal e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida, através da prevenção, reabilitação ou tratamento.
A intervenção pode ser feita individualmente ou em grupo e envolve actividades musicais (escuta musical, canto, improvisação vocal e instrumental, expressão corporal e outras que envolvam som e movimento), num processo planificado e continuado no tempo, tendo em conta as necessidades especificas de cada pessoa, levado a cabo por um profissional com formação específica.
Um conjunto de actividades musicais, por si só não poderão ser consideradas Musicoterapia porque a Musicoterapia existe somente como resultado de um processo, ou seja, de uma interacção entre Musicoterapeuta e consulente/paciente.
Processo
O processo da Musicoterapia pode desenvolver-se de acordo com vários métodos. Na maior parte dos casos a Musicoterapia é activa, ou seja, o próprio paciente toca os instrumentos musicais, canta, dança e/ou realiza outras actividades conjuntamente com o terapeuta ou com o grupo terapêutico.
A forma como o Musicoterapeuta interage com os pacientes depende dos objectivos do trabalho e dos métodos a utilizar.
Em alguns casos as sessões são gravadas e o terapeuta realiza improvisações ou composições sobre os temas apresentados pelo paciente.Alguns Musicoterapeutas procuram interpretar musicalmente a música produzida durante a sessão. Outros preferem métodos que utilizem apenas a improvisação sem a necessidade de interpretação.
Há no entanto que salientar que os objectivos da produção durante uma sessão de musicoterapia são não-musicais, não sendo assim necessário que o paciente possua quaisquer conhecimentos musicais, ou sensibilidades específicas, para que possa participar neste tipo de sessões.O musicoterapeuta, por outro lado, devido às habilidades necessárias à condução do processo terapêutico, precisa ter proficiência em diversos instrumentos musicais. Os mais usados serão o canto, a viola ou o piano e instrumentos de percussão.
No que respeita às Sessões Colectivas, procede-se a um estado regressivo que possibilita a abertura de canais de comunicação; produz-se assim uma comunicação verbal dentro do grupo.Durante uma fase de integração a pessoa volta a vivenciar o contexto familiar e social. Este "enfoque" de Musicoterapia orienta-se na dinâmica de grupo, baseada no aqui e agora. Dentro deste cenário, cada participante, de acordo com as experiências vividas, vai pôr em cena aquelas vivências que se relacionem com a dinâmica de grupo em cada momento particular.
A quem se destina
A Musicoterapia destina-se especialmente a pessoas com problemas de relacionamento, comunicação, comportamento e integração social, podendo ser aplicada a idosos, adultos, adolescentes e crianças e,no que respeita ao seu espaço físico, em instituições de saúde física e mental, educação, intervenção comunitária e reabilitação.
Destacam-se as seguintes aplicações clínicas:
Hiperactividade
Autismo
Síndrome de Down, Rett e Turner
Paralisia Cerebral
Lesões Cerebrais
Deficiências Sensoriais (visual e auditiva)
Dislexia
Dificuldades de Aprendizagem
Depressão
Ansiedade
A actividade do Musicoterapeuta pode também – em certos casos – ultrapassar as fronteiras da intervenção clínica propriamente dita, para se situar em projectos de promoção e manutenção de bem-estar, dirigidas a pessoas saudáveis e também a pessoas que – por padecerem de condições crónicas – procuram cuidar do seu bem-estar de forma activa e adaptada às suas circunstâncias de vida.
É assim variada e abrangente a profissão do Musicoterapeuta, podendo ser vulgarmente exercida em:
Hospitais Psiquiátricos
Clínicas Externas
SPAs
Centros Juvenis, de Correcção, de Desintoxicação (álcool e/ou drogas), etc.
Escolas
e em todos os locais privados onde se trata do bem-estar e da saúde.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
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